As
primeiras decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470, o
chamado processo do mensalão, devem sair nesta quarta-feira (29). A Corte
retoma a análise do processo às 14h, com a manifestação dos quatro ministros
restantes - são 11 no total -, para a conclusão da primeira parte do
julgamento.
Os
debates estão limitados às acusações sobre desvio de dinheiro público na Câmara
dos Deputados e no Banco do Brasil. Segundo o Ministério Público, as quantias
eram usadas para alimentar o pagamento de propina a parlamentares.
Até o
momento, a Corte foi unânime em todas as decisões sobre desvios no Banco do
Brasil e no fundo Visanet. Já receberam maioria de seis votos pela condenação
os réus Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
(corrupção passiva e peculato), o empresário Marcos Valério e os sócios dele
Ramon Hollerbach e Cristiano Paz (corrupção ativa e peculato).
Também já
há maioria para livrar o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken das
acusações de peculato. A absolvição já havia sido solicitada pelo Ministério
Público Federal nas alegações finais do processo por falta de provas.
A
unanimidade não se repetiu, no entanto, nas acusações que têm como protagonista
o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Ricardo Lewandowski e Antonio Dias
Toffoli entendem que João Paulo não recebeu propina para favorecer Valério e
seu grupo em um contrato na Câmara, e absolvem todos os envolvidos. Opinião
diversa têm os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia,
que os consideram culpados dos crimes de corrupção e peculato.
João
Paulo e Pizzolato também respondem pelo crime de lavagem de dinheiro, mas ainda
não há maioria formada em nenhum dos dois casos porque a ministra Rosa Weber
deixou para votar depois sobre o tema, que considera apenas a “ponta do iceberg”.
Pizzolato recebeu até agora cinco votos pela condenação nesse crime e
João Paulo Cunha, três.
O
primeiro a falar nesta quarta-feira será Cezar Peluso, que deve
apresentar o último voto de sua carreira como ministro da Suprema Corte. Ele se
aposenta compulsoriamente no início de setembro ao completar 70 anos, e sua
última sessão será amanhã (30). O ministro pode, em tese, adiantar todo o teor
de seu voto, passando inclusive à frente do relator e do revisor, mas essa é
uma hipótese considerada pouco provável.
A única
dúvida se o julgamento da primeira parte terminará efetivamente nesta quarta
está no voto do ministro Celso de Mello. Decano da Corte, ele geralmente traz
votos bastante longos, com fartas referências históricas e de direito
comparado, além de alusões à jurisprudência do STF.
Mesmo que
as primeiras condenações saiam hoje, os réus envolvidos nessas acusações ainda
não terão um veredito. Os ministros deixaram para o final do julgamento a
análise da chamada “dosimetria”, em que ponderam atenuantes e agravantes para
definir a pena justa entre o mínimo e o máximo permitido por lei.
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