sábado, 22 de setembro de 2012

Falta de fiscalização em pontos de venda contribui para consumo precoce de álcool no DF


 A falta de fiscalização nos bares e restaurantes da capital federal contribui para o consumo de álcool cada vez mais precoce entre crianças e adolescentes do DF. Os dados são de uma pesquisa realizada pela psicóloga Fátima Sudbrack, assessora da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas da Presidência da República) e membro do departamento de psicologia clínica da UnB (Universidade de Brasília).
Os estudos mostram que a necessidade de afirmação, influência de amigos e, especialmente a curiosidade, são os principais fatores que levam os jovens a consumir bebidas alcoólicas cada vez mais cedo. Atualmente, a idade média de início de consumo do público adolescente é de 12,9 anos.
O subsecretário de operações da SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do DF), coronel Wolney Rodrigues da Silva, reconhece o problema.
— Isso faz sentido porque é praticamente impossível fiscalizar todos os estabelecimentos. No entanto, seria mais fácil combater esse tipo de crime (previsto em lei), se os próprios comerciantes não vendessem esses produtos aos menores de idade.

A estudante Suzana Amorim, de 15 anos, se encaixa nesse perfil. A jovem afirma que provou o álcool pela primeira vez aos dez anos, mas começou a beber com frequência aos 12.
— Bebo por diversão e incentivo dos amigos. Se estou numa festa e todo mundo está bebendo, eu não vou ficar de fora. Toda saída com a galera é motivo para tomar pelo menos duas cervejas.
A situação não é diferente para Júnior Queiroz, de 16 anos. Ele diz que quando bebe perde a timidez e consegue se relacionar melhor com os amigos e familiares.
— Quando estou nas festas, preciso beber para criar coragem de chegar em alguma garota e ficar falante, por exemplo.
Mas a cerveja não é o alvo principal dos jovens. As pesquisas mostram que a maior parte dos adolescentes prefere consumir bebidas destiladas como cachaça, vodca e uísque porque, teoricamente, "ficam animados mais rapidamente". É o caso de David Duarte, de 16 anos.
— Prefiro bebidas tipo ice e destilados, como vodca e caipirinha. Sempre vi muita propaganda na televisão e tinha curiosidade em provar esses produtos. Para mim, qualquer motivo é razão para beber. Se estou triste, se estou feliz, acompanhado ou sozinho, não faz diferença. Eu gosto é de sentir a "lombra".
O presidente da Abrasel-DF (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF), Rodrigo Freire, diz que participou de uma reunião com a SSP-DF para tratar do assunto.
— Tem que ter tolerância zero mesmo, esse tipo de coisa não pode acontecer. Nós vamos lançar no mês de outubro um selo, ou seja, um programa em parceria com a secretaria para coibir e conscientizar os donos desses estabelecimentos a não venderem, em hipótese alguma, bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes. Quem fizer isso e seguir outras exigências do programa, terá um selo de qualidade da SSP-DF e conseguirá uma série de benefícios com o Estado.
Freire contou que a medida também vai ajudar a reduzir a violência.
— Normalmente, as pessoas quando estão embriagadas ficam mais agressivas, o que cria um cenário propício para violência, especialmente para os jovens.
Bares e restaurantes do DF que fizerem venda responsável de bebidas receberão selo de qualidade
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no artigo 243 da Lei 8.069/90, diz que “vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida”, pode causar multa e/ou pena de três meses a um ano de detenção ao comerciante responsável pela venda.
Para Freire, a intenção da parceria firmada com a SSP-DF é fazer a lei valer na prática a partir de agora.
— A lei existe e não é cumprida. Nós vamos ajudar na fiscalização, vamos conscientizar os profissionais dos bares e restaurantes, faremos campanhas e distribuiremos adesivos pela cidade. Faremos o possível para que esta lei seja, de fato, cumprida.

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