sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Baixada teme caos devido a acúmulo de lixo


 Nova Iguaçu impede que seu aterro receba resíduos de cidades vizinhas. Governo do estado vai recorrer
Os municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis e Queimados, que juntos geram 1.650 toneladas de lixo domiciliar diariamente, estão temendo os efeitos de impasses na destinação final de resíduos. Por força de decisão judicial, desde quinta-feira a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Nova Iguaçu recebe apenas o lixo gerado pela própria cidade e por Mesquita. A decisão pegou de surpresa os municípios da Baixada Fluminense, que até então vinham despejando seus resíduos no aterro sanitário de Nova Iguaçu. Em meio ao imbróglio, a Secretaria estadual do Ambiente (SEA) informou na quinta-feira que vai recorrer da decisão, que impede a abertura do centro de resíduos às três cidades vizinhas. Já em Caxias, também quinta-feira, o fechamento, determinado pela Justiça, de um terreno particular, onde funcionava um depósito provisório de lixo, causou muitos transtornos.

Secretário fala em calamidade

— Qualquer cidade que exige deslocamento de mais de 25 quilômetros para destinar seu lixo corretamente precisa de estações de transbordo, onde o lixo é acumulado e sai para o aterro em grandes carretas. Não é lixão, é depósito temporário. Essas áreas diminuem os custos e garantem a logística correta. Não podemos mandar todos os caminhões direto para Seropédica. Cada veículo coletor leva cinco horas para ir e voltar. 
Se a central de transferência continuar fechada, teremos uma calamidade pública por acúmulo de lixo — disse o secretário, que criticou a Comlurb pelo fechamento do aterro de Gramacho antes do fim do ano.

Na terça-feira, o Ministério Público estadual ajuizou uma ação civil pública contra a prefeitura de Caxias e a empresa Locanty, contratada para fazer o serviço de coleta de lixo no município. De acordo com ação da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Duque de Caxias, o serviço piorou desde maio de 2011: “O atual contrato tem vigência até o início do próximo ano, perdurando, provavelmente, esta situação caótica e absurda, e não há prova de qualquer movimentação da municipalidade em resolver a situação, seja aplicando multas pelos descumprimentos contratuais, seja pela rescisão contratual”, diz um trecho da ação, assinada pelo promotor Guilherme Macabu Semeghini.

Nova Iguaçu defende exclusividade

Em nota enviada ao GLOBO, a prefeitura de Nova Iguaçu afirma que o objetivo da medida que garante exclusividade no aterro da cidade, operado pela Haztec, é aumentar a vida útil do depósito. O engenheiro e consultor em resíduos sólidos Walter Plácido vê uma contradição na medida:
— Para aumentar a vida útil, é preciso evitar que a fração reciclável do lixo seja enterrada. O CTR de Nova Iguaçu tem todas as condições técnicas de receber os resíduos dos municípios vizinhos. A decisão da prefeitura é contraditória, pois a cidade ganha nas receitas adicionais do aterro. Ou seja, quanto mais o aterro recebe, mais ela fatura em impostos.

Ainda de acordo com Plácido, o episódio demonstra a necessidade de os contratos de lixo obedecerem à legislação federal e serem regulados por uma agência reguladora independente. Os efeitos do decreto 8.994/11, editado pela prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, foram criticados ontem pelo secretário de Meio Ambiente de São João de Meriti, Zilto Bernardi. A cidade gera diariamente 414 toneladas de lixo:
— Estamos mandando o lixo emergencialmente para Seropédica. Os caminhões demoram 40 minutos a mais para chegar, causando um transtorno no planejamento. Esperemos que essa decisão seja derrubada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário