Seca nos EUA e na Rússia também fez aumentar preço de soja e milho.
Em agosto, IPCA desacelerou para 0,41%.
O tomate, que foi o vilão da inflação de julho, com uma alta de 50,33% naquele mês, continuou puxando a alta de preços em agosto, embora em ritmo menor. No mês, também exerceram influência as variações de grãos como soja, trigo e milho.
Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, desacelerou de 0,43% para 0,41%.
Por trás desses avanços de preços estão o clima e o cenário internacional, explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices e preços do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).
A seca no Brasil prejudicou a safra do tomate, que diminui em quantidade e qualidade. Já a seca nos Estados Unidos e na Rússia também prejudicou a safra de grãos, fazendo subir o preço internacional dessas commodities, encarecendo os produtos no Brasil, segundo Eulina.
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Tomate desacelera para 18,96%
Eulina explica que o tomate liderou a principal alta dos alimentos, mesmo apresentando queda em relação ao mês passado - de uma alta de 50,33% em julho e desacelerou para 18,96% em agosto, somando em um ano uma alta de 76,46%.
Soja e milho, como principais insumos da ração animal, com seus preços altos fizeram subir também o preço do frango e dos ovos. O frango variou de 0,13% em julho para 1,35% em agosto, assim como os ovos variaram de 2,63% em julho para 3,92% em agosto, disse a pesquisadora.
Pelo mesmo motivo – a alta no preço da ração animal por causa dos insumos – a oferta da carne bovina aumentou inibindo maiores altas no preço. Isso porque, segundo Eulina, ficou caro para os produtores manterem o gado confinado e o abate se tornou a melhor opção.
O arroz também ajudou a puxar a inflação para cima, variando de 0,67% em julho para 1,76% em agosto.
“A produção de arroz está bem menor, a área plantada diminuiu devido à má remuneração dos plantadores e a previsão é de uma produção 14,9% menor de arroz este ano. A tendência é o aumento de preço”, disse Eulina.
Preço do trigo não provoca alta do pão
A alta do trigo, que deveria impactar o preço do pão, foi bloqueada pela redução dos custos de energia na fabricação e o pão francês, que em julho apresentava variação de 1,78%, caiu para 0,88% em agosto, explicou a pesquisadora.
Entre as principais altas nos produtos não-alimentícios estão as mensalidades escolares, com variação de 1,39%, e os empregados domésticos com 1,11%, segmento que tem peso expressivo na formação do IPCA.
Alta no caro zero
O carro novo apresentou variação de preço de 0,01% em julho para 0,34% em agosto. Isso porque, segundo Eulina, a proximidade do término do período de redução do IPI, em fins de agosto, e a dúvida se o prazo seria prorrogado, levaram mais consumidores às concessionárias. Com a alta da demanda, as concessionárias elevarem os preços.
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