sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Jovens decidem seguir carreira política antes de terminar faculdade



Candidato a vereador mais jovem do Estado do Rio tem 17 anos


Eles mal saíram da escola e já pensam em seguir a vida pública. De acordo com dados do TSE, 4.494 candidatos de todo o Brasil teriam menos de 20 anos de idade. Esses jovens são menos de 1% do total de postulantes, mas representam uma parcela dos 16 milhões de adolescentes brasileiros (entre 15 e 19 anos) que se envolve com o universo político desde cedo. Atraídos por bons salários — um vereador na cidade do Rio de Janeiro recebe cerca de R$ 15 mil por mês — e pela possibilidade de fazer parte da vida de seus municípios, eles pleiteiam um cargo público antes mesmo de concluir a faculdade.

Aos 17 anos, Jorge Lucas é o candidato mais jovem do estado do Rio de Janeiro. O estudante chega à maioridade em 20 de dezembro, apenas dez dias antes da posse, caso seja eleito. Enquanto concorre a uma vaga na câmara de vereadores de São Gonçalo pelo PSOL, Jorge cursa o terceiro ano do Ensino Médio e presta vestibular para História. A campanha acontece nas portas de escolas e universidades do município.
— O presidente do PSOL em São Gonçalo é meu vizinho, comecei a frequentar as reuniões do partido há pouco mais de um ano e me interessei. Nunca tinha pensado em me candidatar, até que ele sugeriu. Quero continuar na política, seja como militante ou como vereador — afirma.

Se para Jorge a vida política veio quase como uma surpresa, para a estudante Gabriella Lima ela foi uma consequência. Aos 19 anos, ela finalmente pôde se candidatar a vereadora em Silva Jardim pelo PT. Apesar de não ter políticos em sua família — o avô tentou ser vereador uma vez, mas não se elegeu — Gabriella acompanha o vai-e-vem eleitoral desde 2004, quando tinha 11 anos.

— Sempre gostei de política. Acompanhava os debates, ia a comícios, cheguei a participar do grêmio estudantil. Em 2008, decidi que nas próximas eleições seria candidata. Assim que chegou a hora, fiquei um pouco insegura, mas quando está no sangue não tem jeito — lembra Gabriella, que faz faculdade de Dança na UFRJ e pretende estimular a vida cultural do município — A idade não interfere, o importante é o nosso comprometimento — defende.

Quem também acompanha a política nacional desde criança é Alberto Szafran, de 19 anos. Filiado ao PSDB desde os 16, o estudante de Direito da UFRJ começou a se interessar pelo tema durante a campanha presidencial de 2002, quando se identificou com os ideais do partido de José Serra. Nessas eleições, o jovem optou por não se candidatar, pois quer se preparar melhor para uma futura vida pública.
— Tenho muito orgulho em dizer que sou tucano. No início, a política era um hobby para mim, mas depois percebi o quanto a gente pode fazer por meio dela. Ainda não tenho muito claro quando pretendo me candidatar, vou esperar para decidir o que será melhor — diz o estudante que, apesar de não se considerar de direita, afirma sofrer preconceito na universidade.

Entrar para a vida pública não era bem o que passava pela cabeça do deputado estadual Felipe Peixoto (PDT) quando fundou o primeiro comitê mirim do país, em 1986. Aos nove anos de idade, Felipe reuniu vizinhos e amigos da escola para participar da campanha de Darcy Ribeiro ao governo do estado. O comitê, que começou como uma brincadeira de criança, chegou a reunir 60 cabos-eleitorais mirins e atuou em outras cinco campanhas. Hoje, aos 35 anos, ele é candidato à prefeitura de Niterói.

— O jovem normalmente acorda para a necessidade política muito tarde. Quanto antes ele se conscientizar, melhor. O que ele não pode é abrir mão de fazer faculdade. Não se deve misturar a política com as expectativas pessoais de vida. Mas tem muita gente jovem madura, que tem condições de participar do processo politico — garante.

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