Candidato a vereador mais
jovem do Estado do Rio tem 17 anos
Eles mal
saíram da escola e já pensam em seguir a vida pública. De acordo com dados do
TSE, 4.494 candidatos de todo o Brasil teriam menos de 20 anos de idade. Esses
jovens são menos de 1% do total de postulantes, mas representam uma parcela dos
16 milhões de adolescentes brasileiros (entre 15 e 19 anos) que se envolve com
o universo político desde cedo. Atraídos por bons salários — um vereador na
cidade do Rio de Janeiro recebe cerca de R$ 15 mil por mês — e pela
possibilidade de fazer parte da vida de seus municípios, eles pleiteiam um
cargo público antes mesmo de concluir a faculdade.
Aos 17
anos, Jorge Lucas é o candidato mais jovem do estado do Rio de Janeiro. O
estudante chega à maioridade em 20 de dezembro, apenas dez dias antes da posse,
caso seja eleito. Enquanto concorre a uma vaga na câmara de vereadores de São
Gonçalo pelo PSOL, Jorge cursa o terceiro ano do Ensino Médio e presta
vestibular para História. A campanha acontece nas portas de escolas e
universidades do município.
— O
presidente do PSOL em São Gonçalo é meu vizinho, comecei a frequentar as
reuniões do partido há pouco mais de um ano e me interessei. Nunca tinha
pensado em me candidatar, até que ele sugeriu. Quero continuar na política,
seja como militante ou como vereador — afirma.
Se para
Jorge a vida política veio quase como uma surpresa, para a estudante Gabriella
Lima ela foi uma consequência. Aos 19 anos, ela finalmente pôde se candidatar a
vereadora em Silva Jardim pelo PT. Apesar de não ter políticos em sua família —
o avô tentou ser vereador uma vez, mas não se elegeu — Gabriella acompanha o
vai-e-vem eleitoral desde 2004, quando tinha 11 anos.
— Sempre
gostei de política. Acompanhava os debates, ia a comícios, cheguei a participar
do grêmio estudantil. Em 2008, decidi que nas próximas eleições seria
candidata. Assim que chegou a hora, fiquei um pouco insegura, mas quando está
no sangue não tem jeito — lembra Gabriella, que faz faculdade de Dança na UFRJ
e pretende estimular a vida cultural do município — A idade não interfere, o
importante é o nosso comprometimento — defende.
Quem
também acompanha a política nacional desde criança é Alberto Szafran, de 19
anos. Filiado ao PSDB desde os 16, o estudante de Direito da UFRJ começou a se
interessar pelo tema durante a campanha presidencial de 2002, quando se
identificou com os ideais do partido de José Serra. Nessas eleições, o jovem
optou por não se candidatar, pois quer se preparar melhor para uma futura vida
pública.
— Tenho
muito orgulho em dizer que sou tucano. No início, a política era um hobby para
mim, mas depois percebi o quanto a gente pode fazer por meio dela. Ainda não
tenho muito claro quando pretendo me candidatar, vou esperar para decidir o que
será melhor — diz o estudante que, apesar de não se considerar de direita,
afirma sofrer preconceito na universidade.
Entrar
para a vida pública não era bem o que passava pela cabeça do deputado estadual
Felipe Peixoto (PDT) quando fundou o primeiro comitê mirim do país, em 1986.
Aos nove anos de idade, Felipe reuniu vizinhos e amigos da escola para
participar da campanha de Darcy Ribeiro ao governo do estado. O comitê, que
começou como uma brincadeira de criança, chegou a reunir 60 cabos-eleitorais
mirins e atuou em outras cinco campanhas. Hoje, aos 35 anos, ele é candidato à
prefeitura de Niterói.
— O jovem
normalmente acorda para a necessidade política muito tarde. Quanto antes ele se
conscientizar, melhor. O que ele não pode é abrir mão de fazer faculdade. Não
se deve misturar a política com as expectativas pessoais de vida. Mas tem muita
gente jovem madura, que tem condições de participar do processo politico —
garante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário