A busca por uma chance de sobrevivência gera uma média de 228
liminares por mês. Setenta porcento dessas decisões de urgência têm
endereço certo, a Central Estadual de Regulação, responsável pela fila
de pacientes que precisam ser transferidos para uma UTI. De acordo com a
Secretaria estadual de Saúde, o setor recebe em média 160 mandados ao
mês. No entanto, de acordo com a própria secretaria, de janeiro a julho
deste ano, apenas 254 foram cumpridos, uma média de 36 ao mês, 22,5% de
todas as decisões.
A liminar obtida na madrugada do dia 28 de
julho pela família de Oscar Clementino da Silva entrou nesse percentual.
Mas tarde demais. Aos 78 anos, o aposentado sofreu seu segundo enfarte,
na madrugada do dia 26 de julho, e foi socorrido na UPA da Vila
Kennedy. Sedado e entubado, precisava de uma vaga numa Unidade
Coronariana.
Às 2h30m do dia 28 de julho, a liminar foi concedida.
Passaram-se 24 horas, e ela não foi cumprida. A filha do aposentado
retornou ao Plantão Judiciário às 6h30m do dia 29, e obteve a segunda
liminar, que dava ao Estado prazo de uma hora para a transferência do
paciente.
— Mas isso só aconteceu no domingo, às 17h30m. Mas 50
minutos depois, no Hospital de Acari, ele morreu. Nos avisaram na
segunda, às 7h30m — diz Valéria.
Demora
Para
o aposentado Dario Pacheco, de 73 anos, a demora na transferência
também foi um fator que se somou à gravidade do seu estado de saúde.
Internado no dia 2 na UPA da Penha após cinco paradas
cardiorrespiratórias, ele aguardava, na sala vermelha, a Central de
Regulação localizar um leito de UTI.
Segundo o laudo dado pelo médico, a
causa era uma infecção generalizada, "com provável origem urinária".
—
Saí do Plantão Judiciário à 1h do domingo, dia 5 de agosto, com a
liminar, que dava prazo de 24h para a transferência. Na segunda, por
volta das 19h, ele foi levado à UTI do Hospital Alberto Torres, em São
Gonçalo. Mas não resistiu e morreu dois dias depois — disse a nora de
Dario, Rosângela Pacheco, de 52 anos.
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