terça-feira, 7 de agosto de 2012

Advogados contestam provas, negam mensalão mas admitem o ‘caixa dois’

Ontem, o rechaço às provas da acusação, a negação da existência do mensalão e a admissão de caixa dois na campanha do PT e partidos aliados em 2002 dominaram as sustentações dos primeiros advogados a apresentarem a defesa dos réus no STF (Supremo Tribunal Federal).
No julgamento, apresentaram as defesas os advogados de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollerbach.
Após suas sustentações, os defensores apontaram a falta de acusações da Procuradoria Geral da República para justificar o fato de não terem utilizado o tempo regimental de uma hora a que tinham direito. “O procurador-geral não traz um fato, um ato do qual ele [José Genoino] tenha participado. Eu espero que a minha sustentação possa influir de maneira positiva no voto dos ministros”, disse Luiz Fernando Pacheco, advogado do ex-presidente do PT José Genoino.
José Luis de Oliveira Lima, advogado de Dirceu, disse que "50 minutos foram suficientes” para a defesa e que seu cliente ficou satisfeito com a sua sustenção. "Eu conversei com ele. Ele está satisfeito", disse. "Os autos comprovam a total improcedência das colocações contra José Dirceu.”
Para Arnaldo Malheiros Filho, defensor do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, “a falta de carga acusatória" permitiu que não usasse todo o tempo disponível. "Você não tem tantos fatos a serem respondidos. Apesar de todos os volumes, se você espreme, sai uma prova muito rala."
O julgamento foi suspenso por volta de 19h15 e será retomado nesta terça-feira com as sustentações de outros advogados.

Dirceu não é chefe de quadrilha, diz advogado

O primeiro a falar foi o advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. José Luis de Oliveira Lima afirmou que seu cliente não chefiou o mensalão, tese defendida pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O advogado falou pouco menos de uma hora e pediu a absolvição de seu cliente por falta de provas. “José Dirceu não é chefe de quadrilha, não”, disse. “Não há nos autos do processo nenhum depoimento, nenhuma testemunha, que faça essa afirmação, de que José Dirceu, tenha beneficiado qualquer instituição financeira”, afirmou Lima.

Mensalão foi uma farsa

O segundo a subir na tribuna foi o advogado do ex-presidente do PT, José Genoino. Segundo Luiz Fernando Pacheco, para a opinião pública, o mensalão foi uma farsa. “A opinião pública, há muito, se convenceu que o mensalão foi uma farsa.”

Ao longo de sua sustentação, Pacheco procurou convencer os ministros de que Genoino não tratava de questões financeiras no interior do PT e era responsável pela articulação política com outros partidos. “José Genoino não tem qualquer aptidão no tratamento com finanças, mas, por ter anos no Congresso, é expert na articulação política”, disse.
O ‘caixa dois’ existiu

O advogado Malheiros Filho admitiu que o PT fez "caixa dois" durante a campanha eleitoral de 2002. O defensor, no entanto, diz que os recursos auferidos ilegalmente pela legenda não serviram para comprar parlamentares, negando, dessa maneira, a existência do mensalão.
"O PT não podia fazer transferência bancária porque o dinheiro era ilícito mesmo", afirmou. "Delúbio não se furta a responder ao que é responsável. Ele operou caixa dois? Operou. É ilícito? é? Ele não nega. Mas ele não corrompeu ninguém", disse o defensor durante sustentação apresentada no STF mais cedo.

Malheiros Filho desqualificou as provas apresentadas pela Procuradoria Geral da República contra o seu cliente e que, segundo a acusação, provam a existência do esquema. "A prova é pífia, é esgarçada, é rala”, disse,
Segundo ele, durante a campanha eleitoral de 2002, os partidos da coligação que elegeu Lula se reuniram para estabelecer como seria a divisão dos recursos da campanha.

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