Lindbergh, pré-candidato à sucessão do governador,
critica projeto de PMDB de ficar no poder
BRASÍLIA
- Caiu como uma bomba no PT do Rio a decisão do governador Sérgio Cabral (PMDB)
de renunciar ao cargo em dezembro de 2013 para deixar o vice Luiz Fernando
Pezão ganhar “musculatura” para a disputa do governo do estado em 2014. O
senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que vinha trabalhando nos bastidores em busca
de consenso em torno de sua candidatura ao governo, decidiu se antecipar e
lançar-se candidato.
— A
eleição está longe, mas eu serei candidato a governador. Essa é uma posição já
aceita quase por consenso no PT do Rio. A pergunta que faço é se eles (Cabral e
o PMDB) combinaram com o povo. Porque a máquina tem peso, mas quem decide as
eleições é o povo. E podemos ganhar a eleição — reagiu Lindbergh.
A maior
preocupação dos petistas é com a longevidade do plano do governador. Conforme,
a ideia de Cabral é pôr Pezão à frente do governo já em dezembro de 2013 e, com
isso, fortalecê-lo para a disputa de 2014. Caso ele vença a disputa, ficaria
inelegível em 2018, quando Eduardo Paes (PMDB) seria candidato, com apoio dos
dois. Hoje prefeito do Rio, Paes ainda poderia, se vitorioso, ser candidato à
reeleição em 2022. Procurados ontem, Cabral e Paes não quiseram comentar o
assunto.
— O PT
não pode ficar secundarizado aqui até 2026. É isso que eles querem. Nós não
admitiremos isso — protestou Lindbergh, que diz hoje não temer uma intervenção
nacional do seu partido. — Todo mundo com quem tenho conversado da direção
nacional do partido apoia nossa candidatura.
Entre os
petistas, no entanto, o clima é de temor. Historicamente, a direção nacional do
PT vêm apoiando o uso da legenda no Rio como moeda de troca dos planos
nacionais da sigla. Em 1998, chegou a promover uma intervenção para a retirada
da candidatura de Vladimir Palmeira ao governo.
A atitude
de Cabral — que há dois meses revelou à presidente Dilma Rousseff e ao
ex-presidente Lula o desejo de sair do governo no fim de 2013 — é vista por
petistas como a preparação de terreno para que seja, novamente, negociada uma
troca. Nela, o governador apoiaria a reeleição de Dilma e o PT nacional
retiraria a candidatura de Lindbergh.
Principal
inimigo de Cabral, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) entrou no debate,
pelo Twitter: “Cabral pode até deixar o governo em dezembro de 2013 como anda
dizendo, mas mais uma vez mente na hora de dar os motivos”. Segundo o
ex-governador, a preocupação de Cabral são as investigações sobre obras do
governo estadual. “Ele está querendo sair fora dos escândalos que virão à tona
em cima do governo”.
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