Superação é o
que define os jovens e adultos que durante oito meses enfrentam uma sala de
aula no Programa Brasil Alfabetizado em Nova Iguaçu. Com histórias que vão
desde trabalho escravo na infância a pressão dos companheiros para suas
mulheres não irem à escola, eles esquecem o passado e se dedicam ao ofício de
aprender ler.
Para a
secretária de Educação, Sandra Gusmão, saber ler para os alfabetizados é apenas
o primeiro passo. “Todos os dias estamos aprendendo. Vocês tiveram a
oportunidade de ler e escrever o nome, mas também de compartilhar a amizade. Na
segunda etapa vocês podem se matricular no EJA e prosseguir com os estudos”,
declarou Sandra.
Os irmãos Luiz Carlos Cipriano, 44 e Jorge Cipriano, 50 enfrentaram o trabalho
escravo desde os cinco anos de idade, numa fazenda no interior de Minas Gerais.
Segundo Jorge, só aos 20 anos de idade quando chegou em Nova Iguaçu, no ano de
1990 conseguiu trabalho remunerado. “Já fui enganado por não saber ler. Uma
pessoa recebeu meu dinheiro em meu lugar”, desabafou. Ele contou que os donos
da fazenda onde morava não permitia que os pais os levasse a escola.
“Não saber ler é ruim. Estou feliz, agora sei ver o nome e o número dos ônibus”, comemora Luiz Cipriano. Os dois irmãos estão firmes no propósito de dar continuidade aos estudos por meio do Estudo de Jovens e Adultos (EJA), cujas inscrições já estão abertas nas escolas.
O sentimento de vitória é o que impulsiona a alfabetizadora Gislene da Cruz. Assim como seus alunos a professora precisou superar obstáculos para alcançar seus objetivos. Ela costuma dizer que sua história de vida se confunde com a de seus alfabetizados.
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