quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Prainha é candidata a estrela internacional


Prainha. Certificação leva em conta a qualidade ambiental, infraestrutura e projetos de educação ambiental
Foto: Custódio Coimbra / O Globo

RIO - Está tudo azul no paraíso dos surfistas. Com 600 metros de extensão e uma rica e ainda preservada vegetação de restinga, a Prainha foi uma das escolhidas pelo júri do programa Bandeira Azul como candidata a receber o certificado internacional de excelência. No Brasil, apenas a Praia do Tombo, no Guarujá (SP) e a Marina Costabella, em Angra, têm o selo, que é concedido apenas a praias urbanas que atendam a critérios específicos, como balneabilidade e a existência de projetos de educação e gestão ambiental no local.

Segundo Sônia Peixoto, gerente de gestão de unidade de conservação da Secretaria municipal de Meio Ambiente, constar dessa seleta lista de praias belas e preservadas é importante tanto para divulgar o cenário paradisíaco da Prainha como para reforçar no próprio carioca a importância de continuar cuidando do local. Em novembro, após uma equipe fazer uma última vistoria, a Prainha poderá ter a bandeira azul hasteada e passará a integrar um catálogo de praias de todo o mundo indicadas pelo programa. A decisão foi tomada numa reunião realizada em 28 de setembro em Copenhague, na Dinamarca.

— É uma praia especial, que fica dentro de uma reserva ambiental. Um local com uma grande riqueza de biodiversidade, onde já é realizado um trabalho de preservação. Com essa certificação, aumenta a nosso responsabilidade, pois ela passa a ser conhecida não apenas pelos surfistas e pelos banhistas cariocas — destaca Sônia.

Até o fim do ano, a prefeitura promete concluir uma série de ações para melhorar o acesso, a segurança e o controle ambiental na Prainha. O conjunto de obras, no valor de R$ 500 mil, inclui a implantação de um bicicletário e de uma ciclovia. Todas as modificações fazem parte do documento de compromissos enviados no ato da candidatura, e deverão ser concluídas até 15 de dezembro, prazo estabelecido pelo programa.

— Estamos fazendo uma série de ações para adequarmos a praia a esta certificação. Duas guaritas, uma em Grumari e outra na Prainha, serão instaladas até o fim do ano e já estarão funcionado no verão 2013. Além disso, estamos acabando de erguer banheiros com acessibilidade e concluindo um programa amplo de educação ambiental. A secretaria criou ainda o Conselho dos parques naturais municipais da Prainha e de Grumari, com participação de ONGs e representantes da sociedade civil — diz Sônia Peixoto, ressaltando que a partir de janeiro, a exemplo do que ocorreu no verão passado, o acesso de veículos às duas praias ficará restrito a 800 carros nos fins de semana.

Programa já certificou 3.203 praias
Criado em 1987, o Bandeira Azul tem o objetivo de incentivar a preservação de praias marítimas, fluviais e lacustres, além de marinas em todo o mundo. Em 25 anos, 3.203 praias e 646 marinas em 46 países já receberam o certificado, que precisa ser revalidado a cada ano. No Brasil, a primeira praia certificada foi a de Jurerê Internacional, em Florianópolis, em 2009, mas ela só manteve o selo por duas temporadas. A Prainha é a primeira praia do Rio a conquistar o título.

— Trata-se de uma certificação criada pela Foundation for Environmental Education (FEE), instituição que tem projetos de educação ambiental em vários países. A escolha leva em conta 33 critérios. São avaliados principalmente a qualidade da água (balneabilidade), a segurança, os equipamentos que existem na praia, os projetos de educação e informação ambiental desenvolvidos e a gestão ambiental — conta Leana Bernardi, coordenadora do programa no Brasil.

O processo de candidatura, explica Leana, dura pelo menos dois anos. Antes de ser analisada pelo júri internacional, passa pelo crivo de um júri nacional, formado representantes do Ministério do Meio Ambiente e de ONGs.

Segundo ela, é preciso cumprir um conjunto de requisitos de qualidade ambiental, bem-estar, infraestrutura de apoio, informação aos visitantes e educação ambiental. A segurança dos banhistas (tanto no mar, quanto na areia) também é levada em conta. Praias desertas, em lugares de difícil acesso não podem ser indicadas.
— A ideia não é premiar o que a natureza fez, mas contemplar as praias que correm risco de sofrer com o descontrole urbano — esclarece a coordenadora.

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